Conheça o projeto que leva atendimento médico à população de rua

Todos os meses, professor e alunos de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi deixam a sala de aula para montar um consultório a céu aberto em plena região central de São Paulo. Os pacientes são pessoas em situação de rua, que logo se aglomeram nas calçadas.

Catraca Livre acompanhou um dia de atendimento e, em cinco horas, cerca de mil pessoas em situação de rua passaram por triagem e 150, por consulta. O projeto é realizado pela ONG Médicos de Rua, uma ideia que nasceu da iniciativa do neurologista e professor universitário Mário Vicente Magalhães.

“Eu vinha dar aula na universidade e, no caminho, via muitos moradores de rua. Aí, eu juntei a experiência de ações desse tipo que eu vi nos EUA, mais a necessidade dos alunos em realizar ações sociais e montei um quebra-cabeça. Foi então, que comecei a criar o projeto”, conta o professor.

“No começo, só vinha ele e eu. Até que chegamos a 75 pessoas”, lembra uma das voluntárias, a aluna Mayara Robles. Na rua, alunos e professor conseguem tratar infecções, dermatites, dermatoses, diagnosticar hipertensão, diabetes e medicar.

Os casos mais sérios, que não são possíveis resolver no local, são encaminhados para hospitais próximos e para o centro de saúde da Anhembi, onde os alunos fazem internato.

O projeto formiguinha que nasceu em 2016 hoje já conta com a ajuda de outros professores e médicos, além do suporte da Pastoral de Rua. O trabalho também serve como modelo para outras iniciativas parecidas. “Muitos colegas Brasil afora vêm até aqui participar, ver como funciona para levar para as cidades deles”, conta Mário.

Mutirão do “Médicos de Rua” acontece mensalmente em São Paulo

Para Carolini Santana, do 5º ano de Medicina, o projeto é mais que doação de tempo. “Cada dia que eu venho aqui, eu aprendo muito mais. Medicina não é só medicar e pronto, não é aquela coisa robótica. Muitas vezes, eles só querem um abraço, conversar com a gente”.

E é justamente humanizar a geração de novos médicos a ideia mais defendida pelo professor. “Por conta do tecnicismo e cientificismo excessivo, o aluno de Medicina tinha perdido a coisa de olhar com olhos de compaixão. E eu percebo que os alunos daqui saem com uma visão técnica melhor, uma visão mais humana e acolhedora também e com uma consciência social, uma consciência de que nós podemos transformar o nosso país”, acredita.

Fonte: Catraca Livre